terça-feira, 4 de maio de 2010

Reinventar a roda?

No mundo atual, a busca por métodos de trabalho que mantenham seu enfoque no reaproveitamento das tarefas já realizadas é indiscutivelmente um fato. A cada dia, nos deparamos com novos conceitos que dizem cumprir tal papel, paradigmas são quebrados a todo o momento em busca de um modelo mágico que neutralize por completo a necessidade de redesenvolver uma solução específica para uma empresa. Entretanto, nesta efetiva busca por novos meios de trabalho mais eficientes, tendemos a má observação de aspectos imprescindíveis para o sucesso do projeto, o cliente. Segundo estudos, em 80% dos casos o alinhamento entre as necessidades do cliente e o projeto desenvolvido não são alcançados. Notoriamente, por vezes, estas soluções foram concebidas à luz dos mais severos conceitos de produção de software, aderentes às melhores práticas utilizando-se dos mais novos recursos computacionais e conceitos amplamente difundidos, mas então, por que não deu certo? Bem, esta é a pergunta que permeia a cabeça dos gerentes de projeto ao redor do globo. Pois bem, se fosse responder em uma só frase, diria sem dúvida, “O sucesso está nos detalhes”. Ao analisarmos um projeto de software em absolutamente qualquer esfera de negócio, deve-se manter o foco nas necessidades, o bom entendimento destas necessidades levará invariavelmente a uma solução viável. Atualmente, temos à disposição um grande conjunto de tecnologia que devem ser bem dimensionadas antes de aplicadas, sob pena de incorrer no insucesso do projeto. Ao analisar as atividades que por ventura deseje informatizar, é preciso ir além da pura e simples análise dos requisitos de software, que apesar de ser uma poderosa ferramenta, não garante o pleno alinhamento da solução com os desejos do cliente, deste modo, acredito fortemente que qualquer projeto, independente da sua natureza deve ter seu marco inicial no mapeamento dos processos internos à luz do BPM. Esta ação favorece ao projetista troca de experiências que são extremamente enriquecedoras e contribuem notoriamente para o sucesso do projeto, permitindo um claro entendimento que por vezes influencia o Stakeholder na melhor organização dos processos antes da efetiva informatização, evitando futuras dores de cabeça para equipe ao longo do projeto.

Após o mapeamento do processo, outro fator de importância fundamental está ligado à decisão sobre a plataforma tecnológica, não é uma decisão fácil, todavia, devemos utilizar os sinais emitidos pela própria organização para optar por determinada tecnologia.
Na maioria das organizações, três fatores são fundamentais para o sucesso de um projeto de software e sua aderência ao negócio, a integração com sistemas internos, a adaptabilidade ao uso, quando possível proporcionando o mínimo de impactos nas rotinas já realizadas, e uma clareza quanto aos processos, entendendo, portanto, uma organização como um conjunto de processos. Esta visão processual permite ao usuário da solução um entendimento claro sobre seu papel no todo colaborativo, incentivando melhores insumos e saídas a cada giro de processo. Ao analisar a escolha da tecnologia sobre estes aspectos, o projetista perceberá claramente que a solução não precisa ser um conjunto complexo, distribuído, webservices , Java´s, etc., o software precisa satisfazer as necessidades do cliente, preocupando-se com seus aspectos funcionais e sua continuidade. Se esta solução precisa ser multi-plataforma, pressupõe-se que a organização assim o faça, do contrário, corre-se o sério risco de construir um elefante branco, “mas multi-plataforma”, para uma organização “formiga” com plataforma unificada, incorrendo, portanto em graves excessos.

Tais excessos podem ser oriundos de tempos antigos, o que me remete a uma história interessante: uma filha ao observar a mãe cozinhar pergunta-lhe, porque a mãe corta as laterais de uma peça de carne antes de por na panela, a mãe sem pestanejar responde-lhe, porque minha mãe fazia assim. Curiosa com a pergunta da filha a mãe liga para a avó e pergunta-lhe porque ela cortara os dois lados da carne, do mesmo modo, a avó responde “porque minha mãe fazia assim”, obstinada a desvendar este mistério, mãe pergunta para a sua avó, porque ela cortava a carne dos dois lados antes de cozinhar, a avó responde imediatamente, “porque minha panela era pequena“

Estes cenários representam dentre outros aspectos, um desalinhamento comum em projetos de software, sua origem, advêm das mais diversas fundamentações, que ao longo do tempo tornam-se verdades inquestionáveis. O papel do projetista neste ponto é desmembrar, buscar as origens das informações a fim de promover o pleno alinhamento entre solução e expectativa, indo além, permitindo e incentivando a revisão de conceitos, reformas nas regras de negócio, alcançado níveis de maturidade a cada projeto, corrigindo e incentivando a nova cultura do pensar, esta sim, obscurece o antigo e ultrapassado foco no problema e ilumina com toda a luz e maturidade empresarial o foco na solução.

Pense nisso!

Abraço

Edson Motta, PMP®, MBA, ITIL®
Consultor Senior, Especialista Gestão da Informação,
Analista Business Intelligence, Integrações ETL,
Gerente de Projetos, BPM Consultant OMG,
ITIL Certificate.


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